Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que a prematuridade segue como a principal causa de morte no primeiro mês de vida

O Dia Mundial da Prematuridade, celebrado em 17 de novembro dentro da campanha Novembro Roxo, reforça a necessidade de pré-natal adequado e assistência especializada para reduzir riscos e sequelas associadas ao nascimento precoce. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, um em cada dez partos ocorre antes das 37 semanas, condição que aumenta a vulnerabilidade a infecções, problemas respiratórios e complicações neurológicas.
Em Goiás, o Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) tem papel central no acompanhamento desses bebês após a alta, oferecendo reabilitação focada no desenvolvimento motor, cognitivo e sensorial.
Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que a prematuridade segue como a principal causa de morte no primeiro mês de vida. Em 2023, 15.740 bebês brasileiros morreram por condições relacionadas ao nascimento precoce, segundo o DataSUS.
No Crer, o cuidado é contínuo. As turmas anuais do Serviço de Reabilitação de Ambulatório reúnem fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicólogos. O objetivo é garantir que a criança prematura, após sobreviver ao período crítico da UTI neonatal, consiga se desenvolver dentro de seu potencial.
Ludimila, mãe de Victtor, nascido com 29 semanas após um quadro de eclâmpsia, relata a dificuldade inicial. “Você não está esperando que seja prematuro. Foi muito difícil no começo, bem mais difícil que agora.” Hoje, o menino, prestes a completar três anos, recebe acompanhamento semanal para trabalhar sentidos, equilíbrio e motricidade. Ele também passa por avaliações com neurologista e otorrinolaringologista.
Apesar de enfrentar baixa visão e distonia, Ludimila comemora. “Ele evoluiu bastante, muito mesmo. Parece que quanto mais eu canso, mais eu quero cuidar.”
A fonoaudióloga Meg Bastos explica que a prematuridade impacta diretamente o desenvolvimento sensorial. “É uma criança que vai ter mais dificuldade nos sentidos, no toque, na alimentação.”
Para reduzir atrasos, o Crer promove atividades de exposição a estímulos, do contato com grama e terra até massinhas e texturas diversas, ampliando experiências que bebês típicos vivenciam naturalmente.
“Elas precisam ser expostas a esses estímulos, ter a mesma experiência que uma criança típica, e, muitas vezes, mais, porque estão com atraso”, detalha Meg.
A jornada da prematuridade também exige suporte psicológico. A equipe do Crer acolhe mães e familiares que enfrentam inseguranças após longos períodos de internação e incertezas. “Ali elas se encontram, uma ouve a história da outra e vê que não foi só com ela… elas se ajudam”, destaca Meg, sobre o grupo de apoio formado pelas próprias famílias.
Especialistas reforçam que cada criança prematura tem trajetória particular e que nem todas desenvolverão sequelas graves. Ainda assim, alguma alteração é possível, o que torna o acompanhamento contínuo fundamental.
